O ABC DA ESCOLA DO AMOR
A expressão “mães suficientemente boas” foi cunhada por Winniccott,
famoso psicanalista inglês que escrevia de forma clara, perfeitamente
acessível, a respeito de conceitos psicanalíticos muito complexos. Era
um verdadeiro sábio. Desde seus tempos de pediatria, atento aos seus
pequenos pacientes e à dinâmica familiar, tinha em foco especialmente o
relacionamento materno-filial. Mas hoje bem sabemos que o pai é figura
ímpar no desenvolvimento de nossas personalidades, seja ele presente ou
ausente, atuante ou passivo, real ou imaginário... Seja como for, ele
deixa suas marcas, passando a constituir o mundo psíquico de qualquer um
de nós.
A utopia da perfeição ainda nos persegue, mas,
felizmente, pessoas sérias e competentes, como Winniccott, declaram que o
que se espera e nos favorece é termos tido e podermos ser “pais e mães
suficientemente bons”. Só isto!
Mas acontece que isto não é pouco.
Para tanto, temos que estar presentes. Presentes para acolher, nutrir,
proteger, encorajar, recompensar. Presentes para dizer sim, para dizer
não, e para determinar tempos de espera e condições necessárias para a
obtenção de ganhos.
É muito mais fácil omitir-se, ignorar o todo
ou as partes, não estabelecer limites, proporcionar uma enxurrada de
prazeres descabidos. E, se a opção for esta, como é que uma criança vai
aprender a “ser gente”? Como é que ela vai assimilar regras de
convivência, “ingressando na civilização”? Como é que vai aprender que
“o amor tem seu preço”, em qualquer estágio da vida?
LEIA AQUI OS CONSELHOS DA PSICÓLOGA E QUESTÕES PARA REFLETIR SOBRE O ASSUNTO
Há
muitas fantasias a respeito da constituição dos vínculos do amor. Elas
estão enraizadas nos primórdios da vida humana. A primeira delas,
provavelmente, diz respeito à gratuidade do amor materno. Mãe – ou pai -
que dá sem nada esperar em troca está colaborando para a criação de
monstrinhos, egoístas e tiranos, ou de pessoas fracas, submissas,
incapazes de fazer valerem seus direitos.
A questão básica está em
sermos razoáveis, tão justos e equilibrados quanto possível, lembrando
sempre que “para amar e ser amado...” é necessário “aprender a amar”,
levando o “outro” em consideração. É necessário aprender a “se” amar,
levando a “si mesmo” em consideração. Não é do nada quer surgiu a máxima
que resume os dez mandamentos: “amar o outro como a si mesmo”. E isso
nós aprendemos a partir da convivência com “pais suficientemente bons”.
São eles que introduzem em nossa história as primeiras letras, ou seja,
“o ABC da Escola do Amor”.
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