sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O ABC da escola do amor

O ABC DA ESCOLA DO AMOR


A expressão “mães suficientemente boas” foi cunhada por Winniccott, famoso psicanalista inglês que escrevia de forma clara, perfeitamente acessível, a respeito de conceitos psicanalíticos muito complexos. Era um verdadeiro sábio. Desde seus tempos de pediatria, atento aos seus pequenos pacientes e à dinâmica familiar, tinha em foco especialmente o relacionamento materno-filial. Mas hoje bem sabemos que o pai é figura ímpar no desenvolvimento de nossas personalidades, seja ele presente ou ausente, atuante ou passivo, real ou imaginário... Seja como for, ele deixa suas marcas, passando a constituir o mundo psíquico de qualquer um de nós.

A utopia da perfeição ainda nos persegue, mas, felizmente, pessoas sérias e competentes, como Winniccott, declaram que o que se espera e nos favorece é termos tido e podermos ser “pais e mães suficientemente bons”. Só isto!
Mas acontece que isto não é pouco. Para tanto, temos que estar presentes. Presentes para acolher, nutrir, proteger, encorajar, recompensar. Presentes para dizer sim, para dizer não, e para determinar tempos de espera e condições necessárias para a obtenção de ganhos.
É muito mais fácil omitir-se, ignorar o todo ou as partes, não estabelecer limites, proporcionar uma enxurrada de prazeres descabidos. E, se a opção for esta, como é que uma criança vai aprender a “ser gente”? Como é que ela vai assimilar regras de convivência, “ingressando na civilização”? Como é que vai aprender que “o amor tem seu preço”, em qualquer estágio da vida?
LEIA AQUI OS CONSELHOS DA PSICÓLOGA E QUESTÕES PARA REFLETIR SOBRE O ASSUNTO
Há muitas fantasias a respeito da constituição dos vínculos do amor. Elas estão enraizadas nos primórdios da vida humana. A primeira delas, provavelmente, diz respeito à gratuidade do amor materno. Mãe – ou pai - que dá sem nada esperar em troca está colaborando para a criação de monstrinhos, egoístas e tiranos, ou de pessoas fracas, submissas, incapazes de fazer valerem seus direitos.
A questão básica está em sermos razoáveis, tão justos e equilibrados quanto possível, lembrando sempre que “para amar e ser amado...” é necessário “aprender a amar”, levando o “outro” em consideração. É necessário aprender a “se” amar, levando a “si mesmo” em consideração. Não é do nada quer surgiu a máxima que resume os dez mandamentos: “amar o outro como a si mesmo”. E isso nós aprendemos a partir da convivência com “pais suficientemente bons”. São eles que introduzem em nossa história as primeiras letras, ou seja, “o ABC da Escola do Amor”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário