terça-feira, 13 de novembro de 2012


Se tem uma coisa que me deixa triste, é ver que estamos perdendo, gradualmente, a capacidade de sonhar. Não aquele sonho que temos ao dormir, mas sim aqueles que temos ainda acordados e servem de combustível para a alma. Aquele sonhar que nos permite ser ou ter aquilo que naquele momento não podemos, aquele sonhar que nos possibilita ir aonde o nosso corpo físico não pode ir, colocar as mãos onde os braços não alcançam, experimentar aquilo que talvez nunca experimentemos de verdade.
 Estamos esquecendo como se sonha em detrimento de um exagero racionalista, que só vem ganhando mais espaço em nosso meio. Sonhar virou perda de tempo, quase uma vadiagem, um ultraje a racionalidade apressada daqueles que vivem presos no imediatismo do aqui/agora. E se nos pegamos sonhando, logo abanamos a cabeça como que para espantar um mal espírito ou uma núvem de insetos que insistem em nos perseguir. Passamos horas presos em engarrafamentos, outras tantas criando projetos, outras jogando conversa fora, mas não nos damos ao luxo de "perder" cinco minutos do nosso precioso tempo passeando em divagações e alimentando nossos sonhos.
Sonhar pra quê? È perda de tempoo,vamos trabalhar que ganhamos mais! Pobres criaturas imediatistas e racionalistas, se tornaram escravos do seu próprio regime ditatorial, e esqueceram como aproveitar a maior dádiva que nos foi dada; a capacidade de transcender tempo/espaço presente na faculdade de sonhar. E o que mais me assusta é que esse fenômeno vem se tornando uma coisa comum, tão comum que até ja perdi a conta de quantas vezes me surpreendi com expressões do tipo: Nossa! Ela é diferente, ela ainda sonha! ou Deixe de ser boba menina, coloque os pés no chão!
Colocar os pés no chão? E ficar presa em uma realidade que, quando não assusta, te deprime com tamanhas barbaridades? Uma realidade que, embora nem todos saibam, pode ser moldada pela forma como você vê o mundo, e a forma como você o enxerga é moldada pela sua capacidade de transcender a realidade...
Paradoxal não é mesmo?
Éh! Pelo visto, prefiro continuar "perdendo" o meu precioso tempo. Não quero ser mais uma racionalista infeliz, daquelas que perderam a capacidade de sair desta realidade vil e cruel. Quero é ser livre, e indo deste ao outro mundo, oxigenar minha alma respirando dos ares que apenas o mundo dos sonhos pode oferecer.

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